Sem desejo não há sofrimento, basicamente é isto, mas o desejo tem
várias vertentes, se é que se pode
dizer, há o desejo em relação ao futuro mais distante que se pode chamar de
esperança e que cria ansiedade, desejo de vir a ter mais dinheiro, mais poder,
mais prestigio, mais posses, uma aparência melhor, mais reconhecimento, este
tipo de desejo é o mais obvio e varia de pessoa para pessoa, mas há outro tipo
de desejos como por exemplo o desejo de não perder aquilo que já se tem, seja
objectos, uma profissão, uma pessoa, e nesse caso chama-se apego ou mesmo medo,
há também o desejo mais subtil de que este momento seja diferente do que aquilo
que é e ai podemos chamar de tédio o que também cria ansiedade, este desejo
levanos a tentar estar sempre ocupados com coisas que gostamos e a evitar o que
não gostamos. Todos estes desejos acabam por trazer sofrimento, seja porque não
conseguimos o que desejamos, seja porque perdemos o que desejávamos não perder
ou simplesmente porque estamos sempre a lutar contra o que aconteçe neste momento,
desejando outra experiência qualquer, desejando estar em outro lugar, com
outras pessoas a fazer qualquer outra coisa. Desejo portanto é a fonte da
insatisfação e do sofrimento e não é possível renunciar ou abandonar o desejo,
apenas podemos compreender o mecanismo dele que cria insatisfação permanente,
com a compreensão, a renuncia aconteçe simples e naturalmente sem esforço.