c

c

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Felicidade




Acreditar que a felicidade ou paz vai chegar sob qualquer forma, seja daqui a um ano, daqui a um mês, amanha, daqui a 1 hora, daqui a 1 segundo, é a pior miséria que existe.
Qualquer intenção ou impulso, seja em que direção for, a fim de preencher o vazio com qualquer actividade "prazerosa", apenas vai perturbar a paz e felicidade já existente no momento presente, a qual não necessita de qualquer esforço para existir por ser a nossa mais intima natureza, o que realmente somos para alem do corpo e do pensamento.

O Ser não pode ser alcançado



Quando chove, parece que o sol desapareceu, mas o sol continua sempre lá, apenas não o vemos por estar tapado pelas nuvens, do mesmo modo a consciência está sempre lá, e ela é apenas encoberta pela atenção que damos as nossas emoções e pensamentos, pela realidade, pelo sabor e interpretações que atribuímos a tudo o que acontece, no exterior ou interior, portanto, a consciência, o Ser, não pode ser alcançado, não existe tal coisa como "eu", o obstaculo (pensamentos, emoções etc) e a consciência do outro lado do obstaculo, em que ha um "eu" que tem que se esforçar para a alcançar, isso tudo é uma ilusão, baseada na ideia de que somos algo separado de tudo o resto, inclusive dessa mesma consciência.

domingo, 20 de outubro de 2013

Sono, sonho



Enquanto dormimos não existe corpo, não existe Eu, nós podemos achar que sim porque vemos outros a dormir e presumimos algo, mas na nossa directa experiencia, no sono não existe corpo, não experienciamos a realidade "cá fora", no entanto continuamos a ouvir, ver, cheirar e sentir no sonho, podemos ver com isto que não são os olhos, ouvidos ou seja o que for que experiencia mas sim a mente. O mesmo pode acontecer se levarmos uma anestesia, nem vamos sentir algo a cortar o nosso corpo, no entanto continuamos lá, a existir, podem nos gritar ao ouvido ou até destruir o corpo que algo continua a existir lá, portanto, vendo isto, claramente percebemos que não somos o corpo, então se não somos o corpo, o que somos nós? O corpo está aqui sim, a funcionar por ele mesmo, o sangue circula, os sentidos funcionam, a respiração acontece, tudo sem interferência da "nossa" parte, tudo acontece no corpo naturalmente, então deixando ele funcionado tranquilamente, deixando ele estar, de parte, a pergunta surge, quem sou eu? E quem faz este pergunta? Quem está interessado?

Di Santo

sábado, 19 de outubro de 2013

O que fazer a seguir?



O que fazer a seguir? Qual a próxima experiencia? Não tenho nada para fazer, vou-me ocupar com o que? - É assim que toda a gente vive, sempre atrás de preencher cada momento da sua vida com actividade ininterrupta, e claro, onde vão as pessoas buscar ideias para as ocupações? Á mente, que é somente passado, algo morto e usado, daí toda a gente apenas repetir as mesas coisas uma e outra vez, vezes sem conta, a vida toda sempre fazendo o mesmo, dia após dia, ano após ano, ouvindo as mesmas musicas, vendo o mesmo tipo de coisa, comendo as mesmas comidas, tendo as mesmas ideias, falando o mesmo discurso, sempre tudo em modo repetição, repetindo todas as actividades físicas ou mentais com a finalidade de fugir do silêncio, da quietude, do grande NADA que assombra e amedronta o ego, a mente, o eu mentalmente construído.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Um reflexo do nosso estado mental.



A nossa vida exterior, os nossos amigos, objectos etc, são um reflexo do nosso estado mental.
Vejo todo o mundo a correr eufórica e desesperadamente atrás da experiencia seguinte, do momento seguinte, de como ocupa-lo, de como fugir á quietude e silencio, do medo que tem de parar, de não estarem ocupados com seja o que for. A mente faminta escraviza, ordena que seja usada, seja a ver um filme, ler um livro, tudo para que ela se perpetue a si mesma. Mesmo a dar um passeio pela praia ou pela natureza, a mente não pára, constantemente a avaliar tudo e todos, sempre a criar separação entre o observador e a coisa observada, sempre a rotular e a julgar. As vezes a mente quer parar mas isso é impossível, porque aquele que quer parar a mente, o eu, o ego, também ele é mente, não existe tal coisa como eu e a minha mente, essa separação, ela própria, é criada pela mente, pelo pensamento, pela identificação com a pessoa, com o corpo. O "eu" não é nada mais que a mente criando uma imagem que considera ser si mesma com base no corpo, sem mente apenas existe o corpo e a consciência, alias, damos conta que somos essa consciência, essa presença e que tudo o resto, todas as formas, todos os pensamentos, tudo nasce e morre nesse espaço vivo.


Di Santo

Não existe tal coisa como...


Não existe tal coisa como eu e os outros.
Não existe tal coisa como eu e o meu corpo.
Não existe tal coisa como eu e o mundo lá fora.
Não existe tal coisa como eu e a minha vida.
Não existe tal coisa como eu e meus pensamentos.
Não existe tal coisa como eu e minha emoções.
Não existe tal coisa como eu e minhas coisas, minha família, meu pais etc.
Não existe tal coisa como eu e minha visão, audição, sensação.
Não existe tal coisa como eu.
Tudo É, nada existe.
Tudo existe, nada É.


Di Santo

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Prestar atenção ao passo que estamos a dar no momento



Acho que a vida é um pouco como correr num terreno acidentado, com obstáculos, tipo floresta, cheio de pedras, buracos, ervas etc. Quando corremos só podemos prestar atenção ao passo que estamos a dar no momento, se olharmos mais do que um metro á nossa frente, o mais provável é tropeçarmos e cairmos, o mesmo se passa na nossa vida, se esquecemos este momento, que é a unica realidade, o eterno agora, e começamos a fantasiar sobre o amanha, daqui a uma semana, um mês, o mais provável é vivermos no medo e ansiedade, o que digamos, nos faz "tropeçar e cair" para fora da realidade, e, como na analogia, acabamos por nos magoar, criamos sofrimento para nós mesmos e para os outros, acreditamos na mente mentirosa e queremos, exigimos que os outros também o façam, quase que lhes impingimos os nossos medos para os justificar com base na tão venerada e idolatrada "razão" ou "lógica". Só existe o Agora, e não existe ninguém a viver no Agora, nós somos ele, o espaço infinito, vazio mas cheio de presença que premei-a tudo.

Di Santo

Sofrimento não é mais do que desejo



Sofrimento não é mais do que desejo. Sofremos quando desejamos que uma sensação que surgiu em nós se vá embora, desapareça, criamos um conflito interno com aquilo que É, aquilo que já É. A mente em forma de Eu, de ego, analisa e logo deseja ou rejeita determinada coisa, situação, emoção, esse não é o observador imparcial, mas sim o observador criado e condicionado pela mente, esse sempre tem interesse em algo. Se não houver desejo que nada mude neste preciso momento, tanto a nível exterior como interior, então existe paz, esta é a aceitação total do momento presente e nenhum Eu pode aceitar coisa alguma, aliás, ele detesta essa palavra, tem total aversão a ela, o ego não pode aceitar nada, pode só fingir que aceita se tiver em vista algum resultado tal com a paz, felicidade, iluminação, o desaparecimento de alguma emoção ou situação ou qualquer outra coisa. Esta aceitação ou ausência de desejo vem da compreensão que de nada serve lutar com aquilo que surge no nosso campo de experiência, essa luta por si mesma é sofrimento. A compreensão de que as coisas, emoções, pensamentos surgem independentemente da nossa vontade ou desejo é que vai dar origem a uma vida de não resistência, uma vida de paz.

Di Santo

Pensamentos




Não são os pensamentos que são o problema...mas sim o nosso interesse excessivo neles, devido ao hábito nós lhes damos muita atenção, acreditamos de alguma forma que ao faze-lo iremos melhorar algo ou ter experiências mais prazerosas.

Di Santo

Aparência exterior



Se tu não soubesses com é a tua aparência exterior, se não existisse reflexos, espelhos, como caminharias neste mundo? Como te vestirias? Como seria existir sem carregar uma auto-imagem na mente junto com todos os conceitos de "deve e não deve ser", de bonito e feio, desejável e repugnante e assim por diante?

Di Santo

corpo




Dizemos "meu corpo", então existo eu e o corpo que pertence a mim, agora que "mim" é este que possui o corpo? Onde está o possuidor do corpo e de que é feito ele?

Di Santo

domingo, 13 de outubro de 2013

"O que fazer a seguir?"



É no estado "O que fazer a seguir?" que todos nós vivemos, sempre a tentar preencher cada instante com alguma actividade ou distração, a fim de fugir do silêncio, de preencher o vazio com algo, é nesta ânsia que vivemos, sem parar a não ser para dormir.
A mente gera um pensamento, um desejo e nós logo vamos atrás para realiza-lo, simplesmente porque achamos que nos vai trazer felicidade, talvez por isso se diga que o desejo é a fonte do sofrimento ou insatisfação porque nada nos dá felicidade por muito tempo, então perpetuamos a busca. Coisas como renúncia ao desejo é impossível de concretizar e não trará também a tão felicidade e paz desejadas porque é apenas a mente a desejar algo a fim de obter algo, a mente pensa " então se eu viver sem desejos eu terei paz e serei iluminado, vou renunciar então para obter essa paz, essa iluminação e ser um Buda", e isso não funciona. O que aconteçe é que á medida que investigamos, realizamos que nada nos dá felicidade, nada que façamos ou tentamos, seja espiritual ou mundano, nenhum filme, jogo, musica,livro, nenhuma relação, nenhuma meditação ou seja o que for nos dará mais que um prazer momentâneo, e nessa realização interna nós desistimos de procurar satisfação seja no que for, então ai a paz entra, ai descansamos e vemos que nós e essa paz não somos separados, ela apenas estava obscurecida por nossa tentativa de encontrá-la no exterior, em objectos impermanentes.


Di Santo





Emoções surgem e desapareçem, não há nada a fazer, não há como evitar, quando achamos que há algo que possamos fazer para fugir delas ou não as sentir, aí é que começa o conflito e sofrimento, seja o que for que façamos para evitar sentir qualquer emoção só vai criar atrito e dor, seja nos distraindo a ver um filme, conversar, ou mesmo meditando e lendo algo espiritual, se a intenção for remover aquilo que já É, então sempre vai falhar e não só não remove a emoção ou sensação como ainda a pode aumentar.

Di Santo

Samsara - um parque de diversões



Uma pequena reflexão:
Da maneira que eu vejo, o dito Samsara, ou o mundo, é como um parque de diversões e não deve ser levado a sério, ele surge do desejo de experienciar, de sentir, de provar, por isso tantos dizem ser o mundo do desejo, e não tem nada de errado com isso, é como um passatempo, uma brincadeira.
Esse desejo também não tem nada de errado para ser renunciado, renunciar ao desejo é mesmo falta de compreensão, o desejo deve ser entendido saudavelmente e não rotulado e rejeitado. Nós todos já pusemos de lado o desejo de muita coisa por realizarmos tranquilamente que essas coisas não nos traziam felicidade, nós não rejeitamos, simplesmente sairam da nossa vida sem esforço, então é assim que o despertar vai tendo lugar, a pouco e pouco vamos vendo a ansiedade em que vivemos, sempre á procura da próxima experiência, da próxima ocupação, vamos vendo como saltamos de objecto em objecto á espera da satisfação definitiva que nunca chega, vemos um filme e aparentemente estamos bem, depois termina e logo vem a ansiedade por outra coisa, vamos comer, depois vamos fazer isto e isto, já planeamos as coisas com horas, dias e semanas de antecedência a fim de termos garantido todos os espaços de tempo ocupados, e assim vivemos sempre ansiosos, não há como sair disto a não ser pela compreensão que nada nos dá essa felicidade que tanto queremos, o ego, a mente fica frustrada e aí começa a ver que é ela própria a criadora da frustração e ansiedade,e que existe algo mais, um espaço de paz de onde todos esses pensamentos e movimentos aconteçem, que sempre nos tentam subornar com algo para fazer, prometendo uma felicidade que embora chegue, nunca fica. Não há nada que se possa fazer para ser feliz a não ser manter a atenção no coração, deixar tudo ser.


Di Santo

Hábito




-Eu tenho que largar este hábito.
-Porquê?
Porque senão estou preso ao desejo, ao Samsara, tenho que me libertar.
-Humm? Claro que não, aquele que tem o habito ou vicio é o mesmo que o quer largar, fazendo isso só irias recalcar e engrandecer o teu ego, a tua ideia de "eu", o grande ser que renunciou a tudo, não é a toa que muitas das vezes os grandes renunciadores, os grandes meditadores, os que alcançaram grandes feitos através de grandes esforços, são também as pessoas mais insuportáveis de se ter por perto, acham sempre que estão acima dos comuns mortais, pobres seres perdidos nas malhas nos desejos.


Di Santo

Tudo acontece ou surge "em ti" e não "a ti"



Tudo acontece ou surge "em ti" e não "a ti". Esse "em ti" é como o espaço infinito, silêncio, vazio, onde tudo nasce e morre como se nada tivesse existido, enquanto o "a ti" é como um unidade separada da existência. que reage, avalia, interpreta tudo o que surge, rejeita e deseja.

Di Santo